The academic world: A Day That Changed My Life
Algumas pessoas chegam a rir de mim quando eu uso a expressão “mundo acadêmico”. Sim, é isso mesmo, é um mundo totalmente diferente daquele em que me encontro logo após cruzar um daqueles portões colossais nos contornos da universidade. Mas isso é apenas um sentimento, um fator psicológico. E é algo que eu vivi (e ainda vivo). Com certeza há inúmeras pessoas lá dentro que não sentem o mesmo que eu.
Realmente não acho que escolhi o curso errado. No entanto, se tivesse optado pelas humanas, provavelmente não teria chegado a sentir-me como estou hoje. Lembro-me de quando estava na graduação, que ia andando rumo ao portão frontal. Para isso, saía das exatas e ia passando pela central de aulas até chegar ao Centro de Ciências Humanas. Lá eu sabia que era totalmente diferente. O clima era outro, pessoas felizes. Na Praça da Alegria deste centro, só drogas, só na “lombra”. Enquanto isso, eu pensava nos problemas que tinha no meu laboratório, no meu departamento; nas sacanagens que algum professor teria feito com algum amigo.
Quando pensava nos projetos desenvolvidos, no conhecimento adquirido, tudo parecia incrível e minha sede por conhecimento parecia ainda mais acentuada. Mas meu psicológico é fraco, ou forte demais a ponto de vencer minha sede pelo saber. Vi muitas coisas, muitas sacanagens. Fiquei com nojo daquilo, que desde então passei a chamar de mundo acadêmico.
Infelizmente neste mundo não conseguirei sobreviver. Estou prestes a sair dele. Sinto que vou voltar, mas não agora, não tão cedo. Não tenho mais forças. Mesmo assim, não consigo fechar as portas para ele. Estou fazendo um curso para tirar as certificações nível C2 do CPE (Certificate of Proficiency in English) de Cambridge e de Michigan. Com eles eu poderei tentar doutorado fora (EUA ou Canadá). Mas eu percebi que não é só por causa disso que eu estou fazendo o curso; percebi que eu quero muito mais ter este certificado do que o título de mestre. Além disso, gosto muito de escrever (um dia irei escrever minha novel e divulgar para todos vocês). Um dos writings do primeiro mock test (simulado) do CPE que eu fiz compreendia a seguinte task:
“A popular magazine has invited readers to contribute articles to a series called A Day That Changed My Life. You decide to submit an article. You should describe an experience that had an important effect on you and say what the consequences were. Write your article (300-350 words).”
Demorei muito tentando pensar em algo diferente do que eu pensei logo de cara. Não consegui. Veio, então, um article sobre uma experiência minha com o mundo acadêmico. Eu não sabia como escrever um article porque ainda não vi isso no curso, mas descobri que o estilo é meio informal.
Never in a million years would I have thought that my life would change so severely in a single day. I have always been a responsible student and would mark good at university. However, unlike my friends, who tried to keep good marks in order to subscribe to students exchange programs, I had never considered taking a single step outside of my country until that day.
I had been working in a research laboratory at university over a year by then. Although the project being developed there was pretty interesting, the advisor responsible for the laboratory had chosen this shitty masters student to be the manager. It seems to me that he could not understand the advisor properly. He would make us do and redo our programming code as many times as anyone can think of just because he would misunderstand the advisor’s orders. Yes, they were orders; to worsen things up, this advisor was the most impolite person I had ever known. In our rare meetings, I would always learn a bunch of new bad words he used to throw up among his orders and their unrealistic deadlines.
Having such a life at work, I started feeling depressed. I knew I could just leave the lab, ask for resignation or whatever. But it was not that simple: the advisor was very respected in the academy and, as his being a very bad person, he would do what he did to others, that is, spread the word about how incompetent they were. That would ruin my academic life. I felt trapped. I had to think of a way to leave the lab diplomatically. That was when I saw a leaflet about a scholarship to study in Portugal.
I really did not want to do it, but that was my only option. It was the first exchange program offering a scholarship and that was the only way I could make it. I subscribed on the last day, last minutes. I passed and went to live in Portugal for six months.
Living abroad made me get rid of my depressing work at the lab. Moreover, I am now more open-minded and have travelled to many different countries. This experience made me realize I love travelling abroad.
Sim, eu sei; os nomes não foram citados (isto se chama ética). Histórias não foram contadas em detalhes (precisaria de mais palavras, não só 350). Mesmo assim, eu não preciso fazer isso. Eu não estou sozinha nessa. Talvez tenha sido isto que me ajudou a ir em frente. Tem muita gente passando pela mesma situação, pelo mundo acadêmico cheio de sanguessugas e cobras prontas para dar o bote. Foda-se o mundo acadêmico. Sou uma cientista e continuarei crescendo academicamente, mas longe dele, longe das pessoas que o fazem.

Eu também costmo dizer que o mundo acadêmico é outro, um mundo de fantasia, bem distante do mundo real. Quando replicam que eu não conheço o "mundo acadêmico" o suficiente para afirmar isso, treplico dizendo que essa é a realidade que se mostra a mim aqui, em Fortaleza.
ResponderExcluirSe mostra porque não é algo que experimento sozinho. Não é minha observação apenas. Bem, considerando que você não mora em Fortaleza, parece ser um problema daí também. Quem sabe, talvez do Nordeste inteiro.
Muitos professores ruins. Não apenas ruins em dar aulas, mas também no trato com os alunos. Tenho uma amigo (o melhor na universidade) que diz: "Não quero receber cafuné dos professores, mas apenas o que eles podem me ensinar, o que podem me passar de conhecimento". O problema que vejo nessa opinião é o distanciamento, talvez a completa separação, entre razão e sensibilidade, estudo e afeto, logos e eros.
Não acredito mais em professores isolados, sérios, mal humorados, sacanas. Para mim são pessoas infelizes na carreira profissional. Hoje busco me aproximar de professores que passem conhecimento e afeto, que saibam dar sim um "cafuné". Para mim valem muito mais do que professores com o Currículo Lattes de 100.000 linhas, mas que não gostam de lidar com os alunos.
Não vai adiantas muita coisa, acho, perder um tempo precioso me dedicando a um professor (ou uma idéia de carreira acadêmica) carrasco, ao invés de usá-lo com a família, com os amigos, com minha mulher ou, até mesmo, com um professor bacana, interessante, que me faça mais contente na relação com a academia.
Quanto às viagens... Ainda não viajei. Meu curso não dá essa possibilidade na graduação, não aqui em Fortaleza. Mas estou planejando viajar em agosto para BH. Espero conseguir. Espero me sentir renovado também.
Concordo. Professor sacana, serio e mal-humorado é sinal que nao eh feliz... E ainda por cima tem inveja da felicidade dos orientandos... hehehe
ResponderExcluirQto as viagens, da uma sacada no site dos assuntos internacionais da sua universidade. http://www.cai.ufc.br/
;)