Era o terceiro e último de uma leva de três, todos lindos, mas ele em particular, superava qualquer superlativo estético. Cresceu feliz, amado pelos pais e irmãos. Havia uma estranha unanimidade por todos que o conheciam... era querido de forma irrestrita e absoluta. Talvez pelo sorriso contagiante e enigmático, acompanhado por um olhar mais do que charmoso, realçando as feições já belas, como que desenhadas com todo esmero pelo mais perfeito dos artistas, o que transcende.
Na adolescência
aprendeu a conviver com os reveses da vida: a separação dos pais,
as dificuldades financeiras, a distância do pai tão admirado e
algumas vezes incompreendido, as desavenças com os irmãos mais
velhos... mas a tudo enfrentava com espantosa tranquilidade.
Também vieram momentos
felizes: o nascimento da irmã mais nova, do sobrinho meio que filho,
das saídas com os amigos e primos, da namorada carinhosa e meiga, do
ingresso na faculdade e... do primeiro emprego, tão duramente
conquistado por concurso público.
E este maldito emprego
calou sua voz, no auge de uma juventude regada por vinte e uma
primaveras, de flores tão vivas e viçosas, destruídas abruptamente
por um crime sem castigo.
Quando encontrei seu
pai no velório, suas primeiras palavras foram: meu irmão, é o meu
guri... ele se foi, tiraram ele de mim.
Marco Antônio Abreu Florentino
Este é um dos textos mais bonitos que o papai já escreveu. Aliás, um conto curto. Expressa muita coisa sobre o que a maioria de nós sentiu após a morte do netinho, mesmo contendo poucas linhas.
ResponderExcluirGabriel,
ResponderExcluirmuito bonito o conto do Marco, meu eterno e querido cunhado. Mas só pra não perder a viagem, faço um reparozito: maldito não foi o emprego e sim, a terrível e constante circunstância da insegurança. bjs
Poxa, muito bom o conto cara. Estou perplecta. Que Deus o tenha.
ResponderExcluirSim, Gabre, escrevi perplecta de propósito, por sua causa. Eu sei q eh perplexa.
ExcluirNão era minha intenção fazer nenhuma brincadeira ou zombar deste momento de dor de vcs.
Bjs.