É muita informação

Parte do mapa geológico da Terra.

A maioria das pessoas que existem e participam do mundo reconhecem como o desenvolvimento científico e tecnológico é importante e como ele afeta nossas vidas (às vezes algumas pessoas parecem não existir, apesar de viverem). Buscamos estender nossa compreensão de mundo para além do aqui e agora, sendo essa uma das principais características humanas. 

Contudo, uma notícia recente nos leva a pensar novamente a importância da criatividade e ação humana. Não em qualquer sentido, mas naquele capaz de transformar o mundo pelo ato, pelo fazer, pelo agir. Em suma, pelo trabalho. 

Um grupo internacional de cientistas já está tentando recriar tudo o que acontece na Terra por meio de um simulador, batizado como Living Earth Simulator (LES, ou Simulador da Terra Viva). 

Terra/Cérebro humano.

O foco desse projeto será nas forças sociais e naturais que definem o mundo. Uma grande valorização aos cientistas da natureza e, para não deixar de lado as chamadas Ciências Humanas, incluíram os cientistas sociais na jogada. Seriam eles tão importantes para tal projeto? Não seria melhor incluir apenas biólogos, físicos, geólogos, engenheiros etc? Apenas impressão. O trabalho consiste muito mais em prever as consequências de eventos sociais do que qualquer outra coisa. 

Sabe-se hoje em dia que o Produto Interno Bruto (PIB) não é o melhor medidor do bem-estar social e felicidade de uma nação. Atualmente recorre-se a outro medidor, considerado mais eficiente para tal fim, chamado de Felicidade Interna Bruta. Enquanto o PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, durante um determinado período, a FIB indica que o verdadeiro desenvolvimento de uma sociedade humana engloba crescimento material e espiritual, completando-se e reforçando-se mutuamente. 

Manhã no Oeste e noite no Leste.

Segundo Dirk Helbing – do Instituto Federal Suiço de Tecnologia (ETHZ), diretor do projeto FuturICT, que pretende criar o simulador –, muitos dos problemas do mundo estão relacionados ao comportamento humano. Com um acelerador de conhecimento, será possível a convergência de diferentes ramos do conhecimento. 

Ele ainda afirma que a tecnologia necessária para tal projeto só estará disponível dentro de mais uma década, mas que já demos passos significativos para que seja colocado em prática, como o mapa geológico digital, a computação em nuvem e o desenvolvimento da web semântica. 

Neste ponto chegamos ao que interessa e que tinha sido apontado no começo deste texto: a criatividade e o trabalho humano. De que adianta tanta informação se não soubermos o que fazer com ela? O próprio Helbing argumenta que sabemos o suficiente sobre os problemas do mundo, mas “(…) não tomamos nenhuma medida a partir das informações que temos”. 

O Homem Vitruviano (da Vinci)

Outro problema a ser colocado é: seria possível criarmos um simulador de tudo o que se passa na Terra? Não seria pretensioso por demais fazer um computador capaz de processar tudo o que acontece no mundo? Por mais que Helbing tenha sido claro ao afirmar que a pretensão será convergir diferentes ramos do conhecimento humano, filósofos de todas as partes já apontaram a nossa incapacidade de reunir tudo em um único sistema, principalmente após Hegel e as diversas críticas feitas ao sistema deste filósofo. 

Ao menos nesse aspecto a ciência acaba de contribuir para que velhas discussões filosóficas sejam renovadas e destacar a importância da Filosofia nas ações humanas. 

Referência: Inovação Tecnológica.