Uma preciosa lição

O Brasil é muito maior
do que um "pingente".

Um dos aspectos mais grotescos das eleições 2010 foi a ridícula tentativa, realizada por algumas pessoas que apoiavam a oposição, de transformar a imagem de nossa atual presidenta Dilma (na época candidata) em algo relacionado a "movimentos satanistas".

Eu sei que muitos alienam seus atos e responsabilidades a seres místicos ou sobrenaturais, mesmo hoje em dia, o que tende a acontecer menos. Apesar de já ter sido uma prática comum entre os antigos, os medievais e os modernos, no século XX houve uma inversão de valores e comportamentos. Uma dessas viradas foi a bandeira de pensadores existencialistas, que defendiam que cada sujeito deveria assumir as consequências de seus atos, ao invés de culpar Deus, Diabo, gnomos, duendes, anjos, demônios etc.

Durante as eleições muitos sites descreviam Dilma como "comedora de criancinhas, satanista, imoral, suja, burra", blá blá blá. E no meio daquele absurdo, pensei cá comigo: "Essa galera tá viajando pesado, e ainda por cima confundindo política com religião. Até parece que todos aqueles que falam esses absurdos são anjinhos. Talvez alguns digam que não são perfeitos, mas pelo menos não fazem o que Dilma faz... Como se conhecessem a Dilma esse bando de 'fdp'!".

Não, mentira. Eu pensei coisa muito pior! Mas ainda não cheguei na parte interessante deste post.  Depois das eleições, numa quarta-feira dia 03 de novembro, já "no conforto do lar", por volta das 18h e sem motivo algum, decidi ligar na TV Senado, que era um de meus canais desamados. Bem, eu mudei de idéia naquele dia.

Para minha surpresa, assisti a um dos discursos mais lindos de toda minha vida. Foi proferido pelo senador Magno Malta, do Espírito Santo. Pesquisei um pouco mais e descobri que se trata de um grande sujeito em alguns aspectos e, digamos, não muito bacana em outros. Acho que em política é normal ninguém ser perfeito. Vou logo dizendo aos preconceituosos que ele é evangélico. Mas o discurso dele tocou exatamente nesse ponto. Não é pela confissão de fé que devemos julgar alguém. Pesquisei sobre ele e encontrei alguns pontos positivos e outros, digamos, nem tanto.

Fiquei até pensando como alguém que disse certas bobagens (e não é bobagem pouca) proferiu um discurso tão bonito como o que mostro nos vídeos abaixo. ...Não, preconceito meu. Apesar do que andei vendo, encontrei no mínimo dois pontos muito positivos a favor dele: o discurso que vocês assistirão nos próximos vídeos e a luta contra a pedofilia, um dos principais compromissos do senador. Bem, julgo apenas que ele possui uma mente muito maior do que um "pingo de gente" (aqueles que se comportam como uma gota levada pelo oceano), e me posiciono neste momento como um admirador de sua pessoa.

Não sou evangélico, mas tenho vontade de sair correndo quando preciso conversar com pessoas que são contra religiões por causa de suas próprias experiências negativas. Às vezes sinto vontade de recomendar a elas que façam um tratamento psicológico, pra ver se resolvem seus traumas pessoais. Porém acho melhor dizer isso apenas aos amigos, quando precisam. Normalmente falar para alguém ir para um consultório pra tratar de gripe é bem visto, mas se for de psicologia é xingamento (PUTZ!, sem querer fazer propagandas). Contudo, se o trauma for um caso de pedofilia, sou a favor que tais pessoas falem mal mesmo, contanto que procurem superá-lo também. Mas peraí... O senador Magno Malta combate a pedofilia! Ponto positivo (e muito, repito) para ele.

A mensagem mais importante transmitida naquele discurso foi, para mim, que não precisamos desonrar aos outros para justificar nossas decisões e opiniões, principalmente em quem votaremos - visto que o momento das eleições era muito recente. Foi uma bela retórica. Eu mesmo gostaria de ter essa habilidade, mas ainda preciso treinar muito para adquirí-la. A mensagem vale para qualquer tempo e lugar. Atacar aos outros com irresponsabilidade implica a mesma medida em troca. Consegui tirar várias lições, mas essa foi a que mais marcou.

Não devemos julgar "politicamente os políticos" por causa de suas vidas particulares. Devemos julgar sua administração, sua capacidade de liderança, o que fez ou deixou de fazer, no que diz respeito à política. Por exemplo, tem gente que prefere políticos que sejam cristãos e não fazem nada do que o ateu que luta pela redução da desigualdade social. No momento em que escrevo este post, a oposição italiana tenta derrubar o primeiro ministro Silvio Berlusconi por ter pago a uma brasileira de 17 anos para realizar "favores sexuais". Isso sim (que ao meu ver foi horrível), é motivo para que muitos não gostem dele, visto que ocupa um cargo importante e agiu contra a lei e os costumes de uma nação. Quero dizer, ainda que não fosse lei, existem atitudes reprováveis por um povo. Mas se alguém tem opiniões ou atitudes que não vão de encontro às leis, nem são mal vistas pela nação (talvez por alguns poucos comparado ao todo), seria isso um motivo para tirar algum político de seu cargo ou deixar de votar nele?

É comum vermos, ainda hoje (e pelo jeito, sempre), pessoas que buscam realizar-se denegrindo a imagem alheia. Querem arrancar risadas de muitos humilhando poucos. E não porque esses "poucos" fizeram algo que mereça repreensão, mas porque é prazeroso ver a desgraça alheia (..., ..., ...Pois é...). Enfim, gente que pessoalmente considero infeliz por várias razões que não vou expor agora, visto que seria fugir do assunto principal.

Achei no próprio sítio online da TV Senado aquele incrível discurso e compartilho com vocês agora. Apesar de incompleto (o que é uma pena), tem o que interessa. Políticos geram polêmica, eu sei. Qualquer pessoa expondo suas opiniões também. Mas isso é que valoriza ainda mais a política. Se quiser evitá-la, melhor não discutir mais nada.

Esta é a primeira parte, com 10min.

Esta é a continuação, com 7min: